alucinário 007
Estreia hoje por cá o último 007. Irei vê-lo, claro, mas só quando reunir coragem para esbanjar perto de cinco euros num perene bilhete de cinema. Talvez amanhã depois do jantar a coragem já me diga alguma coisa.
Sempre gostei de Bond. Não há jogo de sobrancelhas como os deles - Connery, Moore, Brosnan, sobretudo. Por mais que nos esforcemos diante do espelho, há uma fleuma her majesty's service ausente da fronteira entre a testa e os olhos da maioria do comum dos mortais. E só eu sei o que tentei para a alcançar em frente ao espelho. Bom, pensando bem, aí foi sobretudo barbear-me.
Bem pior foi crescer a falar para o relógio, a imaginar como instalar uma escuta num botão de casaco ou a delirar que tinha uma arma laser no cinto - mal sabia que o mais parecido estava mais abaixo e normalmente descarregado.
Tudo aquilo me fascina e, até, me inspira: a música, os cocktails, as bond girls, as invenções, a pose, o mistério bacoco - nem o enredo de esferovite repetido à exaustão me atrasa a digestão.
Com os anos não deixei de vibrar com 007. O raio das televisões insistem em passar os filmes vezes sem conta e eu vezes sem conta rendo-me a vê-los todos de enfiada - do mais jurássico ao derradeiro. Com os anos apenas deixei de me intrigar porque é que ele prescindia de todos os brinquedos de Q para ficar com as bond girls no final. Brinquedos por brinquedos, ora. Mas, tal como as sobrancelhas her majesty's service, longe do alcance de qualquer mortal.
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